As empresas do varejo e da indústria continuam desarticuladas e só algumas fizeram medidas pontuais para o descarte correto dos resíduos produzidos. Ao que tudo indica, elas esperam definições como a posição do governo em relação aos produtos oriundos de importação direta, além da possível desoneração da logística reversa.
Segundo Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, o governo está disposto a ouvir o que os empresários têm a dizer, para que as medidas possam ser tomadas em conjunto. “Alguns empresários do varejo têm mostrado seus projetos e isso ajudo o governo a traçar medidas de auxílio a adequação dessa nova realidade”, disse ela, em encontro com executivos promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv), esta semana.
As medidas mencionadas pela secretária referem-se em especial à possível desoneração das operações de logística reversa, fato que pode ser anunciado pelo governo ainda neste mês de maio. “O governo analisa todas as possibilidades. Pode ser que até o dia 15 de maio tenhamos algum parecer”, afirmou ela. Para José Goldemberg, presidente do conselho de sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), setores como o de celulares, pneus, entre outros, estão no caminho certo e não precisam da desoneração pois com a reciclagem eles também faturam. O grande problema está no setor farmacêutico. “O descarte de medicamentos é feito quando ele
Os produtos vindos de outros países também estão na pauta dos executivos brasileiros. Na opinião de Márcio Quintino, diretor de sustentabilidade da Philips do Brasil, o correto seria o governo ter regras claras sobre a responsabilidade de cada setor, para que todas se enquadrem na Lei de Resíduos Sólidos. “Como atuamos em diversos segmentos – lâmpadas, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, pilhas, baterias e equipamentos hospitalares – temos que nos adequar de várias formas. Mas, nos nossos pontos de coleta de pilhas, por exemplo, recebemos 30% de produtos que não são nossos, muitas vezes, são fruto de pirataria”, declarou o executivo.
A empresa, além dos pontos de coleta, afirma ter se preocupado em desenvolver lâmpadas de menor consumo, mais duráveis e que agridem menos ao meio ambiente. “Nós oferecemos aos varejistas soluções mais econômicas, que auxiliam na diminuição dos custos”, disse ele. O executivo ressaltou também que os altos custos, por vezes, atrapalham os planos dos interessados em se enquadrar as novas regras. “Com o lixo coletado é possível fazer novos negócios. Cerca de 30% do que é recolhido tem retorno de vendas, mas os outros 70% são custos que o empresário e o consumidor assumem”, declarou.
Goldemberg afirmou que nesse caso não há muito que se fazer. “Os varejistas terão de recolher o produto importado e criar centros de reciclagem”, disse.
Uma das iniciativas já acertadas para que os empresários sofram menos com a inserção dos programas são as linhas de crédito oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros bancos públicos. “Existem R$ 200 milhões disponíveis no BNDES para quem quiser investir em iniciativas que promovam sustentabilidade de sua operação”, argumentou Samyra Crespo. Ela também fez questão de ressaltar a efetividade das iniciativas, uma vez que a Descarte Certo, já tem uma planta de coleta seletiva, e projeta mais cinco. No caso dos varejistas, uma das maiores discussões que gerou impasses foi a questão da utilização das sacolas plásticas. Segundo Samyra, não existe logística reversa para o material, mas as entidades ligas ao setor – Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e Associação Paulista de Supermercados (Apas) – firmaram um acordo de cooperação para a redução do uso. “As entidades afirmaram que vão reduzir em 40% o uso das sacolas plásticas até 2015”.
Fonte: DCI